Ela entrou entusiasmada,
Ele a despindo dizia o que queria,
Delicadamente a roçou de setim.
Ele descobria todos os cantos desse corpo,
Por meses a fio perfurou aquela alma,
Falando de espinhos e alecrim.
Ela por vezes chorava desconforto,
Ele lhe dava ânimo com ressalva.
E prometia...
Ele respingava pingos multicores
Que escorriam pelas alvas paredes
Descolando o chão.
Ela nele via o diamante dentro do carvão
A borboleta ainda lagarta,
O pincel de uma obra prima.
Chegou o dia esperado; ele sorria...
Ela cansada daquela cama
Sonhava descansar noutro lugar.
Levantou-se caminhando lentamente
Para ver o seu reflexo na alma do bem amado.
O grito de horror lhe saíu da medula, da alma, do ventre...
Caricatura de demônios
Urdidos na alma distorcida de um temor
Capaz de abortar a própria vida.
Ela tomou banho com palha de aço,
Areia, e água raz.
Abriu o cano do gaz.
Ela, modelara pensando ser a inspiração do belo,
Mas fora do mais cínico pintor o retrato do horror.
A tela ainda ardia quando a polícia chorou desprevenida...
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Asas e Desasas
segunda-feira, 22 de março de 2010
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